terça-feira, 3 de março de 2009

Mamãe já dizia: "Ponha-se no lugar dele!"

Todos os dias eu acordava e ia pra escola. Lá eu tinha muitos amigos, muitas garotas no meu pé, e muitas notas baixas. Os professores ficavam bravos, às vezes gritavam, mas me adoravam. Reclamavam do meu comportamento e das minhas notas pros meus pais, que se importavam muito com meu desempenho escolar. Mas mesmo assim, me adoravam. Já haviam confessado isso quando, na formatura do terceiro ano, o professor de matemática, já alcoolizado, virou pra mim e confessou que dos bonzinhos e nerds eles nem se lembravam, mas era de nós, alunos bagunceiros e cheios de personalidade, que eles mais sentiam falta quando as aulas se encerravam.
Eu fazia musculação à tarde, lá pelas quatro, de segunda à quinta. Na sexta eu fazia natação. Às vezes eu frequentava umas aulas de jiu jitsu, bem ocasionalmente, mas quando eu chegava em casa com algum ematoma, com o nariz fora do lugar ou alguma torção, minha mãe me proibia de voltar, pra sempre. Um mês depois eu voltava, e ninguém se lembrava da proibição.
Mas a melhor coisa eram as festinhas nos fins de semana. As meninas que eu jogava uma conversa nas aulas durante a semana, no sábado eu carimbava. Eram muitas, sem querer me gabar. Cada festa, muitos beijinhos como cumprimento, muitas amigas e amigos. Quando eu ficava chapado, era só agarrar uma amiga minha, elas sempre correspondiam, qualquer uma delas. Mas quem iria resistir? Um rosto de bebê, um tanquinho, um pai rico. Meu pai era o cardiologista mais respeitado da cidade, tinha um círculo social bem seleto e carros que chamavam a atenção de qualquer garota de 16 anos. Eu era muito feliz. Sorte que eu nasci sem cérebro, porque senão eu estaria sofrendo e nunca teria desfrutado de tanto prazer na minha vida, de tantas coisas boas, com noites de sono tranquilas. Sorte mesmo.

Um comentário:

Livia disse...

Eu gosto dos textos do maringa =)
Eu quase nunca entendo nada ... mas eu sempre gosto

xD~~